Venda/Pinheiros: Aquarius
Apartamento reformado, em prédio simples e charmoso, entre as praças Benedito Calixto e Horácio Sabino.
O presente momento da cidade de São Paulo, assume-se como um período evidente de renovação urbana, onde fica difícil ser indiferente à emergência de construções novas, lançamentos de prédios residenciais, uso misto ou comerciais, que começam a marcar uma nova imagem na cidade.
O bairro de Pinheiros, é sem dúvida um dos que mais evidencia essa transformação, onde construtoras e incorporadoras competem agressivamente a apropriação de qualquer área disponível para construir, intensificando a densidade populacional, e a verticalização como uma regra absoluta de aproveitamento espacial.Para trás vão ficando construções antigas, de baixa e média altura, ligadas a um presente (ou passado?) cada vez mais raro e distante, sem um certo “show off”, sem áreas de lazer, protocolos de segurança, onde as varandas não eram “gourmet?”, ou nomenclaturas com estrangeirismos. A substituição da cidade mais antiga, pelas novas construções ligadas ao processo de verticalização espacial, está desumanizando as calçadas, relegando o pequeno comércio dos bairros para as grandes superfícies comerciais, convertendo o uso do espaço público (de todos) para o espaço privado dos condomínios, e anulando aos poucos o sentido público e comunitário dos bairros.
Num contexto residencial, o processo de tombamento dos predinhos da Hípica em Pinheiros, que guardam características de um modo de habitar próprio do bairro de Pinheiros”, com seu “valor simbólico e afetivo” para a população local, e “valor urbanístico e paisagístico” para a cidade, não tem sido suficiente para proteger outras construções semelhantes, menores e mais isoladas, cada vez mais pressionadas para darem lugar ao novo bairro.
O presente prédio é uma dessas excepções, uma construção em L, sem elevador, com ruas internas que interligam os apartamentos. O uso de uma linguagem modesta e brasileira, com destaque para o ritmo dinâmico dos cobogós na fachada, as cerâmicas antigas, e o granilite nas galerias de acesso às unidades.
A reforma do apartamento, projeto e execução da arquiteta Juliana Barsi, integrou cozinha e sala no seu espaço social, encerrando dois quartos com metragem generosa, e virados para nascente no interior mais calmo e silencioso da quadra. O taco em madeira foi recuperado, dialogando com o branco das paredes e marcenarias, e o cimento queimado da cozinha.
Um apartamento indicado como primeiro projeto residencial de casais jovens, ou jovens investidores.